domingo, 26 de abril de 2015

Trilha astral

Hoje recebi o meu Mapa Natal e, quando comecei a ler, não conseguia parar de rir, tamanha a minha incredulidade. Sim, era e ali, sem tirar nem por. Mentira, umas duas coisinhas não foram assim, milimetricamente perfeitas, mas todo o restante era toda eu.
Temperamento, iniciativa, competência, foco, carência emocional, senso de integridade, justiça e dever, agressividade. Essas palavras lembram alguém? Pois é. E tem muito mais. Detalhes que parecem contar alguma história que se passou comigo. Coisas sobre as quais falei dias atrás.
E a tendência de problemas no joelho?? Joelho, gente, quer um mais problemático que o meu? Mentira, tem piores, mas o meu é bem bichado, hein?
Daí fiquei me questionando o quanto o Mapa Natal nos determina. Pergunta estilo Gabriela. Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou morrer assim? Eu sou assim porque os astros disseram ou sou assim porque eu acho que os astros disseram?
Quando meu mapa astral diz que posso ser agressiva, briguenta e irritante, ou que eu guardo rancores por tempo suficiente para me fazer mal, o quanto disso é modificável? Quanto há de ingerência minha nessas características astrologicamente inatas?
O quanto há de imutável quando leio que sou controladora e que me sobrecarrego e, na ânsia de chegar aonde quero, exijo mais de mim do que dos outros, inclusive buscando o reconhecimento por isso? Eu posso um dia passar a ser alguém paciente, que divide tarefas e responsabilidades, e que não se importa se as pessoas são gratas ou não pelo que fiz? 
A perfeição poderá não ser um valor supremo em minha vida?
Uma das frases que mais me chamou a atenção em todo o mapa foi essa: "Você poderá se sentir mal compreendida e que não consegue
harmonizar quem você se esforça para ser e quem as pessoas vêem.
Não é por falta de esforço, tente não se cobrar tanto".
Só para você ter uma ideia, eu falei sobre isso aqui, aqui e aqui. Coincidência? Será mesmo?
E para terminar, algo que venho trabalhando há anos na terapia. Vou anotar para não esquecer.
“Na vida existem coisas além do meu controle”.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Labirinto

Eu me desdobro, me dobro, retorço minhas convicções, amasso os meus conceitos para poder seguir caminhando.
Viro, desviro e me multiplico. Fraciono-se em mil, todos pedaços, partes inteiras de uma realidade pulverizada.
Conto minutos e horas. Dias calculados por produtividade. Amontoados de coisas deixadas de lado. Deixo-me de lado. À minha frente, metem-se as metas, intrometem-se as estatísticas.
Botões, cliques, fluxos e rotinas, elementos de uma vida vista através de uma tela fria.
Brinco com a minha condição. E me condicionamos a aceitar que a realidade não vai muito mais além. Restrinjo meus quereres a pouco mais do que o mínimo. Uma fresta de sol. Minutos sem pensar em nada. Um dia sem que a cobrança me pese nos ombros. E nas feições.
Tento, em vão, convencer a mim mesma de que é uma fase, que tem data para acabar, que é a última vez. Como um labirinto, busco saídas que se revelam ilusórias, e volto ao mesmíssimo ponto do início. 
Mas se a saída não se avizinha, que eu faça do embaraço de caminhos a minha morada. Nesse enredo de fazer e desfazer, teço a teia de uma história diferente, sonhada e desejada. Cada passo descompassado, descompensado e arrastado compõe a estampa dessa busca. Rabisco aqui e ali, risco caminhos já feitos, mas ignoro os sinais e sigo por eles. De novo, de novo e de novo. Os percursos já traçados se travestem de inédito, engabelando meus sentidos, tornando confusas minhas certezas.
Brincando de me perder, escapar já não importa. Desprezo a passagem escancarada. Encontro-me em meio à desorientação. E já não sei andejar em linha reta. Olho para o céu e sinto que não preciso de mais nada.