sexta-feira, 4 de setembro de 2020

 A verdade é que não existem coincidências, por mais clichê que isso possa soar. Há propósitos muito bem traçados para aquele encontrão que te fez perder o ônibus. E para aquele dia em que você encontrou uma amiga no lugar mais improvável da face da Terra. Para aquele dinheiro que você achou no chão - ou que deixou cair.

São tantos os exemplos que ficaria até monótono listar todos. O importante é que entendamos de uma vez por todas o recado: a vida é uma teia. Pequenos fios invisíveis nos ligam a coisas, pessoas e acontecimentos. Esses fios se tocam, se entrelaçam e se embolam. Dão-se nós e, na mesma medida, se desembaraçam.
Ficamos iludindo achando que temos alguma ingerência nessa trama. As linhas têm vida própria, nós apenas tecemos. Vá lá, mudamos uma cor ou outra, aplicamos umas miçangas e penduricalhos, mas é só.
Daí pegamos esse pano e fazemos o que bem entendemos com ele. Cortamos, rasgamos, esgarçamos. Tingimos e tentamos mudar a sua cara, sua essência, fazer da chita, seda. Recolhemos seus retalhos e cerzimos junto a outros retalhos e formamos uma colcha, para nos esquentar a alma e acalentar o coração.
E finalmente entendemos o papel de todas aquelas agulhas e alfinetes.
Mas toda essa conversa sobre costuras e coincidências era para falar de palavras.
Porque recentemente chegaram às minhas mãos alguns livros e textos completamente em sintonia com o momento em que estou vivendo.
Alguns foram difíceis de ler, digerir. As palavras me transportaram para uma realidade que me recuso a vivenciar. Porque tenho fé. Porque acredito. Porque existe uma corrente muito poderosa ao nosso redor.
Outras palavras fizeram em mim um ninho e me convidaram a me aconchegar. E eu o fiz. Quase custei a acordar, porque ali estava bom.
Mas elas me cutucaram e disseram que eu precisava ir. Há muito a ser feito e o tempo é aquele que não temos a perder.
Vamos então. Entre palavras e tecidos, dou passos decididos rumo ao desconhecido. O caminho é longo, mas tenho mãos a me amparar e corações vibrando comigo.
Não, não ando só. Nunca andei. E nunca estive em tão boa companhia como estou agora.
Partamos!