sábado, 20 de setembro de 2014

Palavras: afoguem-me

Este segundo semestre está insanamente maravilhoso.
Depois da primeira oficina literária, senti que escrever é algo que quero, gosto e vou continuar fazendo. Sem neura e sem pressão. Apenas venham, palavras, juro que farei o meu melhor com vocês.
Eu já tinha decidido ler mais em 2014 e estou conseguindo. Tudo bem que larguei alguns livros pela metade ou até menos, mas é porque não rolou a amizade mesmo.
Depois de terminados os primeiros módulos da oficina que fiz com Maíra, eu sabia que não queria nem podia parar. Precisava ser estimulada, desafiada, confrontada. Ansiava que o processo com as palavras fosse além do blog. Buscava alguém que dissesse que o que escrevi era um porcaria, para eu me reconstruir o meu texto e encontrar o melhor de mim. 
Foi aí que decidi começar um novo curso, uma nova proposta. Mais dinâmica, mais rápida. Talvez mais superficial. Mas também inquietante.
Tenho aulas e tarefas. Tenho de pesquisar para suprir aquilo que não é falado. Quanto mais pesquiso, mais encontro outros cursos, outras propostas.
Isso sem falar na minha tese do curso de Italiano. Sim, eles chamam de tese, mas não há um formato definido, tampouco especificação de temas, quantidade mínima de páginas. É apenas um trabalho final que envolve não só a parte escrita, mas a apresentação.
Eu decidi traduzir meus textos. Separei quatro ou cinco que me pareceram mais aptos a essa tarefa. Parece algo fácil de ser feito. No entanto, cheguei à conclusão de que é mais difícil do que escrever um texto do nada.
A tradução está envolvendo um trabalho de pesquisa de palavras, melhores significados, expressões equivalentes. Às vezes, para chegar na melhor palavra para ser usada tenho de consultar mais de três dicionários, busco o uso da palavra em textos, confiro a tradução. Está sendo algo bastante minucioso, mas que está me dando um prazer imenso. Eu imaginava que seria estafante, mas estou é bastante orgulhosa do resultado.
Isso para mim ficou ainda mais claro quando Stefano leu em classe, quase interpretando, parte de um conto. Foi aí que pensei: poxa, o texto é bom mesmo!

sábado, 13 de setembro de 2014

O palhaço e o equilibrista

A vida é engraçada. Vivemos sob a égide de rótulos, conceitos e convenções, que nos moldam muito antes de percebermos que determinadas coisas são como são simplesmente porque um dia foram assim.
Sem nos darmos conta, nos vemos fazendo parte de um circo em que o palhaço, adivinhe, somos nós.
Enquanto fazemos estripulias, um sentimento de insatisfação nos invade. Mas somente quando as lágrimas borram a maquiagem e começa a atrapalhar o espetáculo é que percebemos que algo precisa ser feito. 
Daí surgem alguns caminhos. Ou aceitamos estar no picadeiro, e nos divertimos com isso, ou nos rebelamos e fugimos do comboio, arcando com o ônus de termos sido palhaço a vida inteira e só termos aprendido a fazer isso desde que nascemos.
Um caminho alternativo é deixar de ser palhaço e virar equilibrista. Sim, é possível se adaptar a determinadas convenções, conviver com elas ou simplesmente mandá-las para o inferno, desde que haja coerência em nossas escolhas. Rótulos e conceitos e preconceitos estão programados para se auto destruir em 20 segundos anos? décadas?. É preciso coragem e determinação para apertar o botão. 
O grande lance é que precisamos decidir. Afinal, quem fica ocioso no circo acaba mesmo é virando comida de leão.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Quando um final de semana vale por mil

O final de semana passado foi especial.
Primeiro porque as Meninas no Pedal fizeram seu primeiro pedal longo: Busca Vida - Praia do Forte - Busca Vida. 100km de superação de limites para muitas. O sol deu uma trégua no início, com uma nuvem amiga que nos acompanhou boa parte da ida. O final do percurso é meio puxado, com muitas ladeiras e o calor já atrapalhando. Mas chegamos: vivas, inteiras e realizadas.
Em Praia do Forte, a parada não foi muito longa, afinal era a nossa primeira vez, as novatas não estavam muito dispostas a comer muito e beber
Adiamos a saída em 30min, para que o sol não fritasse nosso juízo em todo percurso de volta.
O retorno complica logo no início. As mesmas ladeiras que pegamos no final da vinda agora temos de encarar na saída. O detalhe é que ainda estamos com o corpo frio e o sol está de rachar o coco.
A média de velocidade caiu um pouco, mas muitas novatas jogaram duríssimo e se mantiveram no pelotão de frente o tempo todo.
Eu estava me sentindo bem até o momento em que meu joelho deu o primeiro sinal de alerta, um pequeno incômodo que nunca tinha acontecido até então. Ignorei e segui em frente. Por volta do km 25, ele começou a doer de verdade. Buscava uma posição para pedalar, mas nada adiantava. À medida que a dor aumentava, meu desempenho piorava. Em toda parada, alongava na esperança de que a dor diminuísse, mas a cada reinício, via que não adiantava. Quando faltavam 10km, a dor estava beirando o insuportável. Eu sabia que deveria entrar no carro de apoio, mas o orgulho e a adrenalina não permitiram. Eu fui extremamente irresponsável, pois poderia ter me machucado de verdade. À essa altura, eu já pedalava somente com a perna esquerda, e ainda assim o joelho direito doía.
Chegar em Busca Vida foi uma realização, uma espécie de batismo mesmo. Tudo bem que agora estou de molho, mas valeu a pena #nãofaçamissoemcasa
Agradeço demais ao pessoal do Grupo Embarke na Catraca, que nos acompanhou e nos apoiou nessa empreitada. E parabenizo as Meninas no Pedal, que foram guerreiras e raçudas! 
Já domingo foi dia de ser voluntária! Mais uma Escola Bike Anjo bombando! Depois de aparecermos no Correio24h e na página da Prefeitura, sabíamos que o negócio por lá ia ferver, mas não esperávamos que fosse tanto assim.
Éramos 09 bike anjos, nesse número incluo a incansável Kari Góes, que recepcionou as pessoas de forma brilhante.
Os alunos não paravam de chegar, alguns conseguiram pedalar, outros não, mas a garra e a vontade foram a marca registrada do dia. Ver a felicidade estampada no rosto de cada um, perceber o ar de incredulidade por ter conseguido pedalar, receber um abraço de gratidão pela oportunidade, não há dinheiro que pague nada disso. 
Ainda rolou gravação de uma matéria com a TV Bahia e uma reportagem para o ATarde #maisbikeanjosporfavor
Os mais bacana de tudo foi ver, quando já havíamos encerrado a EBA, uma senhora, que não conseguiu vaga no dia, ser ensinada pela própria filha, apenas com o que ela ouviu de instrução. Lindo, emocionante!
Teve aluna que havia acabado de aprender ajudando uma outra, que ainda não havia conseguido pedalar.
Ou seja, além da EBA, instalou-se uma rede de solidariedade e aprendizado no Campo Grande que espero que se perpetue por toda Salvador!  
E então, foi ou não foi um final de semana maravilhoso?