domingo, 23 de junho de 2013

E a frase vencedora é...

No fim das contas, eu tenho muito que agradecer.
Quando parece que está dando tudo errado, quando a vida dá uma reviravolta, quando acontecem coisas até esperadas, mas indesejadas, quando fica tudo meio bagunçado e aí bagunça tudo um pouco mais, quando eu me sinto perdida diante dessa situação toda, quando parece que ela não vai ter fim... Vem a vida e mostra que talvez o desespero não tenha sido para tanto, que eu até que me comportei bem diante desses acontecimentos, que já está na hora de minha rotina voltar aos eixos, e me enche de pequenas e grandes coisas boas, para me dar ânimo de seguir.
Nessas semanas do acontecido que não posso ficar falando aqui por uma questão de preservação, fiquei com receio de tudo TUDO mesmo dar errado, de não conseguir dar conta, não consegui dormir direito, aquelas coisas todas. Mas chame de sorte, de coincidência, Deus operando, seja o que for, o problema não foi tão grande assim. Uma série de incidentes fez com que o negócio não ficasse tão feio quanto eu pintava. Ainda, eu estava em uma situação desconfortável, que estava afetando vários aspectos de minha vida.
No Dia dos Namorados, eu já estava meio assim porque, apesar de ser nosso primeiro 12 de junho em nossa casa, não tinha programado nada, afinal, trabalharia o dia todo e à noite teria aula. Acabou que não tive de trabalhar o dia todo, mas, como estava em cima da hora, não tive como preparar nenhuma surpresa. Por sorte, consegui comprar um presente para Erico quando estava saindo do trabalho, pois o que tinha pensado inicialmente não deu certo. Quando cheguei em casa, descobri que ganhei uma promoção, cujo prêmio era um ensaio fotográfico com a Conceito Dois em Um, com quem quase fiz as fotos de meu casamento.
Os dias seguiram seu rumo, trabalho, academia, curso, estudo, aquela mesmice toda, quando, no dia 18/06, recebi a notícia de que havia vencido uma outra promoção, em primeiro lugar, ganhando de prêmio um curso de 04 semanas na Itália. Enlouqueci. Surtei. Gritei. Difícil até descrever a minha emoção. Ir para o país que sempre sonhei, fazer um curso de um mês, conhecer vários lugares, ter aula não só da língua, mas de história, arte, gastronomia. Só não vai ser perfeito porque Erico não vai comigo.
É ou não é uma ótima forma de as coisas começarem a dar certo?
Antes que falem que sou sortuda, tenho de dizer, sem modéstia, que sou muito boa em participar de promoções que envolvam textos, frases... Já ganhei adega, geladeira, caixa com produtos Nestlè, kit de shampoo, uma Dolce Gusto, roupa de academia... Quando morava em Jequié, participava de vários desses concursos culturais afinal, além de trabalhar e comer pizza de metro, não tinha muito o que fazer. Hoje não tenho mais tanto tempo de ficar procurando as promoções, mas de vez em quando ainda acho uma ou outra por acaso e me inscrevo.
A promoção do ensaio não foi de frase, mas de foto. A do curso na Itália enchendo os dedos para dizer que o curso é na Itália, tinha de escrever um texto sobre o meu sonho italiano. Coincidência, pressentimento, premonição, sugestionamento... Mais uma vez, chame do que quiser. Alguns dias antes de sair o resultado, eu sonhei que viajava com uma colega do italiano, que agora está na Itália fazendo um curso que ganhou em um concurso promovido pela escola, de fotos representando a relação Brasil Itália. E, claro, antes de sair o resultado, comentei meu sonho com Erico, dizendo que venceria. #maedinah
Enfim, aparentemente as coisas estão começando a voltar aos eixos. Ainda tem umas arestas aqui e ali para acertar, o importante mesmo é que o pior que nem foi tão ruim assim, tenho de admitir já passou.
Eu sei que muita gente diz que eu não acredito em nada. Eu acredito do meu jeito. Sei reconhecer quando as coisas acontecem porque algo maior do que nós está interferindo. Não sei nomear, não sei descrever, não sei enquadrar. Apenas sei. E sei reconhecer quando as pessoas estão canalizando suas boas energias para mim, seja em forma de oração, de pensamento, de sentimentos. E agradeço muito por tudo, tudo, tudo que fizeram por mim nesse período mais complicado. E, digo que, do meu jeito torto, procuro retribuir todas essas coisas boas que todos fazem por mim.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O que me representa

Hoje estive na manifestação, junto com minha mãe e com minha irmã. Bonito ver as pessoas nas ruas, uma série de demandas, uma salada de fruta de rostos, cores, idades, sexos, protestos.
As pessoas gritavam, cantavam, sorriam. Caminhavam tomando as ruas, tomando posse de sua cidade.
Havia muito oba oba, mas havia muito engajamento. Pessoas debutavam em manifestações. Pessoas relembravam antigas manifestações. Idosos acenavam das janelas, sacudiam panos brancos, jogavam papel picado. Os manifestantes pedias para as pessoas descerem. Muitas desciam.
Fomos até o complexo policial dos Barris. Em alguns momentos, vimos o que parecia ser um início de confusão era confusão, na verdade, a polícia atacando os manifestantes, mas depois a coisa acalmou. Sentamos pare decidir por onde iríamos embora, então subimos pela ladeira da Concha. Vimos o Campo Grande ainda cheio, manifestantes decidindo para onde iriam pouco depois, o bicho para valer por lá. Pegamos um táxi no Garcia e viemos para casa. No caminho, vimos lixo queimado no meio da rua.
Já em casa, começamos a ouvir bombas, tiros e vimos a policia fazendo cerco na rua que dá acesso ao Palácio de Ondina. Os gritos ficaram mais fortes, ouvimos helicópteros e o gás lacrimogêneo começou a nos incomodar, mesmo dentro de casa.
Depois de algum tempo, os gritos foram afastando, as bombas ficaram mais espaçadas e os efeitos do gás começaram a passar. Pela internet, via as notícias sobre o trajeto dos manifestantes e da ação da polícia.
Temos muito a refletir sobre esse movimento. Sobre seu objetivo, seus rumos, suas demandas, suas pautas, suas proposições. Pensar seu modo de atuação. Pensar sobre seus participantes. Pensar sobre os acontecimentos. Saber avançar, mas saber retroceder. Saber negociar. Até porque, se as pessoas não estão dispostas a negociar, trata-se de uma revolução. Resta saber se todos estão dispostos a ser revolucionários. 

domingo, 16 de junho de 2013

Quem não se movimenta...

Em tempos de manifestações, Copa das Confederações, violências etc, há muito para ser dito, mas, principalmente, muito para ser feito.
Há algum tempo não participo de atos desta natureza, mais precisamente desde a época de faculdade. Hoje participo apenas de alguns atos e manifestações organizados pelo sindicato, quando brigamos, contra o governo, por nosso plano de cargos e salários, em apoio a outras categorias, como a de professores,  contra agressões de advogados à categoria... Ou seja, participo mais de atividades relacionadas a meu cotidiano como servidora pública. 
Vejo com bons olhos as manifestações saírem do facebook. Claro, é muito fácil replicar muitas vezes de forma acéfala imagens de indignação sentadinho no conforto e segurança de sua casa.
Sinto orgulho das pessoas que enfrentaram a truculência da polícia para defender o direito de expressar sua indignação, seja pelo aumento da tarifa do transporte, pela falta de qualidade do serviço prestado, pelo dinheiro gasto na Copa...
Fico ainda surpresa de ter visto como o movimento se espalhou pelo Brasil e pelo mundo, de forma significativa.
Mas, fazendo o papel de advogada do diabo, sinto uma ponta de preocupação quando vejo determinados posts, tweets e comentários. Não é como se as pessoas fossem às manifestações preparadas para que aconteça um confronto. Algumas eu disse algumas, não disse a maioria, não disse muitas, não disse a maior parte delas, ok? se expressam como se esperassem esse confronto. Como se ele devesse acontecer, talvez para causar um fato político maior. Não discuto se isso é legítimo ou não. Inclusive pode até ser uma impressão errônea de minha parte. Mas convenhamos que numa multidão de sabe se lá quantas mil pessoas, um grupo pequeno pode causar um efeito manada devastador.
Eu discordo 100% da atitude da polícia, que mostrou no mínimo despreparo para lidar com essas manifestações, como se cada policial encarasse o manifestante como inimigo. No entanto, também discordo de várias atitudes de provocação aos policiais. Algo do tipo: vou pirraçar para ver até onde ele vai. Vi fotos desse tipo e não acho que esse seja o caminho. Uma coisa é reagir a uma agressão. Outra coisa é, deliberadamente, provocá-la.
Meu último ponto de questionamento diz respeito à finalidade da manifestação. Ok, vamos para as ruas, vamos gritar, vamos dizer que discordamos do valor da tarifa, do valor gasto com a Copa. E... Um movimento que não tem uma pauta propositiva consistente tende a perder força com rapidez. Ou as pessoas continuarão a ir para as ruas simplesmente para dizer que não aceitam o aumento e acham um absurdo a Copa ser no Brasil? Por quanto tempo? Realmente não sei se o Movimento Passe Livre, um dos "temas" da manifestação, possui um projeto sustentável para amparar a sua pretensão. Nunca estudei a fundo a proposta de tarifa zero e se ela é factível. 
Mas espero que a atual conjuntura sirva, pelo menos, para que as pessoas percebam que o ato de ocupar vai muito além de estar na rua gritando palavras de ordem. Ocupar significa exercer plenamente seu papel de cidadão, com direitos, mas também com deveres, os quais muitas vezes deixamos de lado ao argumento de que nossos direitos não são respeitados.
Então, vamos pra rua, sim, mas vamos também para outros lugares. Se não podemos estar fisicamente nas ruas, vamos lembrar que não há limites para nossa mente e para nossas atitudes.  


terça-feira, 11 de junho de 2013

Quando não somos boa companhia

É, é preciso reconhecer quando não é muito bom estar ao nosso lado. Quando o sofá não convida para braços e pernas enroscados despretensiosamente. Quando a cama fica grande ou pequena demais, nunca o tamanho exato daquele aconchego perfeito para uma noite fria. Quando as refeições são feitas de modo automático. Quando nem temos ânimo para desabafar, porque não há nada mais para ser desabafado. Quando a perspectiva do dia dos namorados, é, no mínimo, um dia de muito trabalho. E que trabalho. Quando até tentamos ver raios de sol entre as nuvens, mas só enxergamos cumulus nimbus no horizonte. Quando afastar é uma maneira de proteger. E demonstrar amor.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Pensar. Comer. Conservar.

Uma das minhas maiores dificuldades em relação à "vida de casada" é a questão da comida. Aliás, não só da comida, mas das compras de uma forma geral. Na casa de minha mãe, já havia um tempo que eu fazia o mercado grande antes mamãe ajudava, mas ela caiu fora depois de um tempo. Não importo com esta tarefa, até gosto, desde que não seja dia de mercado cheio. Então, procuro ir depois do dia 10, em horários alternativos. Mesmo assim, às vezes não tem jeito e rola uma filinha básica.
Aqui em casa, já experimentei alguns modelos de logística de compras. O que está em vigor atualmente é: frutas e verduras em um lugar, produtos industrializados e de limpeza em outro, carnes e peixes em outro. É mais trabalhoso, mas, para mim, o mais proveitoso. Digo logo que não é o modelo mais econômico, tanto pela questão do tempo, de ter de ir em pelo menos três lugares para fazer as compras, quanto pelo preço das carnes e peixes. Mas, em busca de um produto de mais qualidade, optei por pagar mais caro. Estava cansada de peixe fedorento impregnando minha casa.
Passada a questão logística, vem a questão da quantidade. Em nosso lar doce lar somos dois e continuaremos assim por um bom tempo. Antes eu estava acostumada a fazer mercado para quatro pessoas cinco aos finais de semana. A diferença é grande, até porque parte da dieta de Erico é bastante específica.
Tomei alguns prejuízos e desperdicei uma boa quantidade de comida até ajustar. #shameonme Quer um exemplo? Cenoura são duas grandes ou três pequenas por semana. Se comprar mais, a bichinha fica murcha, abandonada, desprezada na gaveta. Por favor, não venham me dizer que pode estar feia para uma coisa, mas pode servir para fazer algum prato. Eu sei disso! Mas, gente, esse prato também tem de ser consumido e existe um limite diário de refeições. Ou seja, ainda que se aproveite, não necessariamente nós vamos dar conta de comer a nova roupagem do ingrediente que estava quase se perdendo. Então, nem sempre o Lavoisier é a solução para tudo.
Agora está quase tudo ajustado, mas ainda erro a mão em uma coisa ou outra. Para determinados itens, no entanto, tive de adotar soluções não tão econômicas, mas mais sustentáveis, como pagar mais caro por um melão para poder comprar só a metade, porque Erico não come.
Ainda tenho de melhorar algumas coisas nesse controle, como colocar data nas coisas que guardo no congelador ou nos frascos gente, farinha aqui dura uma vida e meia. Não atingi esse tao doméstico. Mas quer saber? Por enquanto está de bom tamanho. Ter reconhecido o problema e dado um passo significativo no combate ao desperdício já são atitudes importantes e que fazem a diferença.
E como esta é a semana do meio ambiente, trago a imagem da logomarca da campanha da ONU deste ano  em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de junho). O país escolhido como sede em 2013 foi a Mongólia. 
Só para se ter uma ideia, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação estima que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos próprios para o consumo são jogados fora por ano no mundo. É um terço da comida produzida no planeta! O alimento não ser consumido significa que todo o recurso utilizado para a sua produção (água, energia, insumos, alimento para os animais, adubo) também foi desperdiçado. Além disso, existem os custos desse descarte, como o transporte do lixo, a manutenção de lixões, a produção de gás metano decorrente da decomposição. 
Que tal pensar bem antes de comprar e antes de abrir a tampa da lixeira para jogar fora algo ainda passível de ser consumido? Fica aí o tema para a reflexão de todos nós. Sempre. 


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Arroba deus que me dê forças ponto com (ou "Não se engane: o buraco sempre pode ficar mais fundo!")

E o que estava acontecendo, aconteceu. Justamente quando achei que as coisas dariam certo até deram, mas não para mim e se encaminhariam da melhor maneira, justamente quando baixei a guarda, pimba, cai a bomba no meu colo e explode antes mesmo que eu pudesse raciocinar.
Não adiantou ter um roteiro na minha cabeça. Não adiantou meu discurso preparado. Nada, nada. Me vi sem saída pior, me vi sem rumo. E agora estou morrendo de raiva e de pena de mim mesma. Eu ainda consegui falar algumas coisas, e até me senti feliz menos pior com isso, mas nada perto do que eu tinha imaginado. Fiquei aliviada também de não ter ficado vermelha como um pimentão, que é uma reação normal quando me sinto encurralada, provocada, analisada, julgada, encarada... Aliás, eu fico vermelha até por nada, imagine quando sou posta a prova dessa maneira.
Às vezes eu tenho vontade de tomar certas decisões somente para me livrar de determinadas situações em que acabo não tendo controle de minha vida. Sempre acabo desistindo depois que coloco tudo na balança, mas episódios como o de hoje me fazem repensar no que quero para mim.
No auge do meu desespero, tento enxergar alguma coisa boa nisso tudo. Minimamente, eu deveria pelo menos me achar competente. Ou uma boa peça de reposição. Mas nada disso, agora, faz com que eu me sinta melhor.
Então estou aqui, me perguntando se vou aguentar, quanto tempo vou aguentar e qual será a duração dessa ajuda provisória. E sigo desejando apenas que seja breve, brevíssima, enquanto dure.

domingo, 2 de junho de 2013

Eu sou baiana e meto o pau mesmo!!!

Como muitos já sabem, atualmente moro em Ondina. Aproveitando a proximidade da praia, tenho procurado, sempre que sobra um tempinho, dar uma caminhada viu, Danilo Almeida, caminhada! na orla, afinal, é quase um pecado desperdiçar esse cenário incrível de sol, céu e mar.
Mas sempre tem um mas fico triste de ver a situação de nossa orla. E tem mais. Baiano não gosta que "gente de fora" fale da Bahia, porque é preconceito contra nordestino, é inveja e blá blá blá. Mas nós mesmos podemos meter o pau. Então, baianos, não fiquem tristes com algumas coisas que vou dizer.
Nossa orla fede a xixi. Sim, Danilo Gentili tinha razão. É embaraçoso admitir isso, mas é a mais pura verdade. Aliás, nem é tão verdade assim, porque, em alguns lugares, a orla também fede a cocô. Em determinados trechos, que já são até conhecidos, sou obrigada a praticar uma modalidade esportiva chamada caminhada em apneia. E olhe, estou ficando boa nisso!!! Sinceramente, tenho mesmo vergonha do que os visitantes irão pensar de nós durante a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Não importa se eu e você nos apertamos até encontrar um banheiro. A fama fica pra todo mundo. Tenho mais vergonha ainda por nós, que somos obrigados a lidar com esse fedor terrível apenas porque alguns homens acho que 98% são homens simplesmente acreditam que podem colocar seu pau para fora em qualquer lugar. Daí porque vemos taxistas parando seus carros no meio da rua para se aliviar no primeiro muro livre que encontram, passageiros fazendo xixi em pleno ônibus, mães colocando seus filhinhos para fazer xixi em vasos no shopping porque é criança, não tem problema não. Sim, tem de tudo mesmo.
Nossa orla tem calçadas vergonhosas. Isto é, quando tem calçada e não um bando de pedras portuguesas soltas e misturadas com areia. Nossas calçadas tem batentes sem propósito, buracos, postes que atrapalham a circulação. Concluo então que somente podem transitar pelas nossas calçadas pedestres, aqui entendidos como aqueles que andam a pé, sem problemas ósseos de qualquer natureza, sem auxílio de bengalas ou andadores. Ficam excluídos os usuários de cadeiras de roda.
Ainda em relação às calçadas, elas são ridiculamente estreitas. Se imagine dividindo espaço com pessoas correndo, fazendo caminhadas ou simplesmente passando. Agora acrescente os camelôs, as baianas de acarajé, as crianças com skate, os adolescentes com patins, os usuários de transporte público aguardando no ponto de ônibus... Pimba, calçada super lotada! Em João Pessoa, as calçadas são tão largas que todos esses cidadãos convivem de forma quase sempre harmônica. Ou seja, não é impossível ter um equipamento público democrático e funcional.
Nossa orla conta com uma péssima iluminação. Esclareço com o perdão do trocadilho: em alguns trechos da orla, somente temos iluminação de um lado da via. Como se isso não bastasse, os postes funcionam de forma alternada. Um funciona, outro não, outro não, outro funciona e assim sucessivamente. Para piorar, nos postes que possuem lâmpadas viradas tanto para a rua como para a praia sim, porque a praia pode e deve ser frequentada também à noite atualmente só as lâmpadas viradas para a rua estão acesas naquele esquema um sim, outro não, outro não, outro sim etc. Para piorar, quando a lâmpada está acesa, a copa das árvores, em vários lugares, atrapalha a já deficitária iluminação. Ou seja, para deixar bem claro, passar por alguns lugares da orla é um risco enorme.
Por fim, vou falar da Rua de Lazer. Existe essa iniciativa da Prefeitura em outros bairros, mas somente posso me pronunciar sobre os locais que frequento. Aos domingos, um lado do Dique do Tororó é fechado para carros. O dique tem uma circunferência de 2,6km, então, temos aproximadamente 1.300m reservados para a prática de lazer, que, diga-se de passagem, são muito bem aproveitados pelos soteropolitanos. Na Barra, o trecho é um pouco mais modesto. São cerca de 500m disponíveis para ciclistas, skatistas, patinadores, corredores, donos de cachorros, pais, crianças etc.
Preciso dizer o quanto isso é ridículo? Em Brasília, o Eixão do Lazer conta com "apenas" 14km disponíveis para a população usufruir aos domingos. No Rio, são pelo menos 6,5km na beira mar onde é proibida a circulação de carros nesses dias. Isso sem falar em Buenos Aires, em que avenidas inteiras eram tomadas por pessoas praticando todo o tipo de esportes ou caminhando despretensiosamente em busca de uma árvore para se sentar sob sua sombra e ler seu livro. Mesmo durante a semana. Como se contentar com 500m quando se pode ter, para dizer o mínimo, 2km, entre o Porto da Barra e o Cristo?
Para finalizar porque o desabafo já está grande como a indignação sair do conforto e segurança da academia do prédio para praticar uma atividade ao ar livre não deixa de ser um esporte de aventura hoje em dia. É lidar com obstáculos físicos, é se arriscar a passar por lugares escuros, é transitar por moradores de rua, que podem estar sob o efeito devastador do crack, é desviar de cocô de gente e de cachorro, é estar sujeito a ser assaltado ou, Deus nos livre, coisa pior.
Ainda assim, continuo saindo para caminhar. Porque não me canso de ver o Farol da Barra de lá do Cristo, lindo, seja de dia, seja de noite. Porque o azul do mar ainda me hipnotiza. Porque adoro tomar água de coco na beira da praia. Porque vejo uma população ávida por equipamentos públicos de qualidade, então nós temos de ocupar esses espaços, correndo, caminhando, andando de bicicleta, skate ou patins, brincando com nossos filhos, netos ou cachorros, fazendo yoga ou slackline, pulando na cama elástica ou simplesmente fazendo nada. O que importa é que a orla é nossa e nós temos o direito e o dever de usá-la e de preservá-la.