sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Eu acredito em horóscopo - 17/01/2016


Eu acredito em horóscopo.
Acho que há mais coisas entre o céu e a terra do que julga a minha vã filosofia.
Como duvidar que eu seja de capricórnio com ascendente em (satan)áries?
Depois de ter feito um mapa natal ano passado, e ter ficado profundamente surpresa pelo que li nele, em 2016 resolvi fazer o mapa de retorno solar, por ocasião de meu aniversário. Gostaria de ter uma ideia do que este ano reserva para mim.
Já começo lendo: "esse é um ano crítico". Cataploft!
Como assim, gente? Mais? Então tinha como piorar? Ano de Áries não podia mesmo ser coisa boa.
Sigo. "Você tem uma imagem bem construída do que deseja
ser, de sua posição no mundo e do seu destino profissional, mas ao final desse ano muito disso será modificado". Quebrando alicerces, planos e paradigmas, é isso? Minhas convicções vão abaixo? Eu quero meu chão debaixo de meus pés! Dá para ser ou está difícil?
"Você deve ter especial cuidado esse ano para não se deprimir com possíveis derrotas. Seus sentimentos estarão mais pesados e você pode piorar sua situação quando começar a exigir demais do seu corpo e da sua saúde, sacrificando lazeres e negligenciando descansos e cuidados".
Eu fiz isso durante todo ano de 2015. Exigência em níveis estratosféricos. Cobranças internas. Zero de condescendência comigo mesma. Paguei um preço alto por isso. Devo estar pagando até hoje, aliás.
"Você terá que enfrentar debates acalorados e será perseguida pela sensação de aridez e pobreza de afeto, como se houvesse sempre uma restrição aos prazeres. [...] Você está propensa a ter explosões de temperamento e crises de ciúme, podendo ficar agressiva quando sentir que está sendo injustiçada"
Afeto... Às vezes sou refratária a demonstrações de carinho Talvez porque me sinta frágil demonstrando essa vulnerabilidade. Sou menos forte por isso? Talvez porque tenha de ter plena confiança para admitir que posso me abrir para receber esse sentimento. Por outro lado, sei o quanto isso me falta. Por baixo dessa casca ogra bate um coração. E ele é feito de manteiga derretida, por mais inacreditável que isso pareça.
"Esse é um ano de trabalho a ser feito, mas você não deve perder de vista sua saúde. Cuidado com as questões ósseas, coluna, ansiedade e irritação. Você vai tender a ganhar peso e perder o controle da sua alimentação, (seja por uma tendência ou exagero, ou simplesmente por insatisfação)".
Desde o final de 2015 tenho passado por isso. Exatamente por isso. Meu corpo fala. Sente. Reage. Tenta se proteger de mim, e sofre com a minha dinâmica de vida. 4kg a mais. Dores no joelho e na coluna. Refluxo. Insônia. Isso me fez tomar uma decisão que não posso chamar de radical, mas que de certa forma vai mudar muita coisa em minha rotina. Torço que para o bem.
Eu ainda não sei exatamente como lidar com tudo que eu li. Dá para eu me preparar? Tenho como driblar essas previsões ou elas são determinantes? "Quem sabe faz a hora não espera acontecer?" Ou tudo que eu fizer para fugir inevitavelmente vai me levar a esses acontecimentos?
Eu só digo uma coisa. 2016 já se desenha com cores mais cinzas. Que eu seja capaz de me cercar daquilo que é bom, daquilo que soma, daquilo que vibra, e que possa trazer cores mais alegres e singelas para tingir o meu destino.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Texto de 08/01/2016

Enfim o inferno astral chegou ao seu termo. Em algumas horas começa uma nova revolução solar. 366 (rá, lembrei do ano bissexto!) dias que reservam um sem número de possibilidades. Nesse novo ciclo, nasce um ser singular, pleno de desejos e potencialidades. Nasce uma pessoa disposta a fazer, desfazer e refazer. Olhar com olhos de ver. Ouvir. Sentir. Colocar-se no lugar do outro. Desenvolver empatia. Sororidade. Essa sou eu. Essa renovada eu. Que tanto apanhou em 2015 e tanto aprendeu.
Fico ainda mais velha, mais rabugenta e mais chata. Sim, acreditem, isso é possível. E sim, não me importo. Mentira, mas me importo cada vez menos. Quero me importar menos ainda. Porque essa nova eu é claustrofóbica e não se dá muito bem com caixas, amarras e espaços apertados. Então, não ligo ̶n̶ã̶o̶ ̶q̶u̶e̶r̶o̶ ̶l̶i̶g̶a̶r̶ se as pessoas se importam com as minhas reclamações. Ou se somente me enxergam através disso. Eu tenho de me conscientizar que a mente limitada é a de quem escolheu me ver por suas lentes tacanhas. Se eu não estou ofendendo nem magoando você, então você não tem nada a ver com isso. Que tal perguntar como eu estou ao invés de me condenar ou tentar me definir? Por um ̶2̶0̶1̶5̶ 2016 com mais rotas e menos rótulos.
E só para situar, minhas reclamações não surgem do nada. Eu não sou a chata porque simplesmente nasci para tornar o mundo mais sisudo. De alguma forma, eu escolhi assumir um papel que precisa ser tomado por alguém. E que vários alguéns tomaram para si também, afinal, há trabalho a fazer por toda parte. Alguns o fazem de forma mais suave, outros são ainda mais brutos do que eu. Não se engane: cansa, dá trabalho e desgasta. Às vezes eu exagero? Sim? Passo do ponto? Também. Os transtornos são temporários, mas os benefícios serão permanentes. Brincadeira. Eu tenho me esforçado para ver o mundo com lentes mais coloridas e tolerantes, até mais benevolentes. Paciência. Buda. Entoa um mantra. Respira. Juro. Nem sempre dá, e começo a rosnar no meio do Ommm. Isso decorre da minha personalidade e das escolhas que fiz para mim e de um sangue com baixo ponto de ebulição também. É consequência do que acredito. Dos meus sonhos. Dos meus ideais. Das batalhas que escolhi lutar. E são muitas, mais até do que sou capaz de dar conta. Mas ainda assim eu tento. E não sou nenhuma heroína por isso. Apenas não vim ao mundo a passeio. E olhe que às vezes eu gostaria de apenas flanar por aí...
Sei que o cenário parece meio cinzento, mas não pense você que a coisa só piora com a idade. Somos feito vinho, esqueceu? Ficamos mais do que perfeitos com o tempo ̶e̶u̶ ̶p̶e̶l̶o̶ ̶m̶e̶n̶o̶s̶ ̶e̶s̶t̶o̶u̶ ̶f̶i̶c̶a̶n̶d̶o̶ ̶m̶a̶i̶s̶ ̶s̶a̶b̶o̶r̶o̶s̶a̶,̶ ̶c̶o̶m̶p̶l̶e̶x̶a̶,̶ ̶i̶n̶t̶e̶n̶s̶a̶. Às vezes eu me questiono se de fato me tornei uma pessoa melhor com o passar dos anos. Eu acreditava que sim, mas de quando em vez me ponho em dúvida. O que é ser melhor? É ser socialmente mais aceita? É me enquadrar em um padrão? Falar menos palavrão? Ser fofa? Seguir conceitos e preconceitos? Aceitar que determinadas coisas são assim porque sempre foram assim? Rir de piadas estúpidas no whatsapp? Ignorá-las? Não, para mim não dá. Escolhi o caminho mais difícil e escolheria cem vezes. Aliás continuo escolhendo todos os dias de minha vida. Então, no fim das contas, eu me tornei ou não uma pessoa melhor? Me tornei alguém mais firme de minhas convicções e princípios. Uma pessoa que não aceita preconceitos e repudia quando percebe em si mesma qualquer atitude nesse sentido. Um ser humano menos egoísta ̶o̶ ̶q̶u̶e̶ ̶n̶ã̶o̶ ̶q̶u̶e̶r̶ ̶d̶i̶z̶e̶r̶ ̶q̶u̶e̶ ̶e̶u̶ ̶n̶ã̶o̶ ̶s̶e̶j̶a̶ ̶e̶g̶o̶í̶s̶t̶a̶. Uma cidadã disponível e que busca agir por uma sociedade mais justa e mais humana. Uma mulher que escolheu dar a mão a outras mulheres e aceitar que outras mulheres também me estendam a mão. Uma alma que procura exercer o desapego, ainda que seja taxada de materialista e pouco espiritualizada.
[Eu sou múltipla. Não me rotule, lembra? Das minhas crenças cuido eu. Do que eu acredito, não acredito, passei a acreditar e deixei de acreditar novamente cuido eu. Se faço oferenda, se rezo uma missa, se vejo gente morta ou se abro um livro de física quântica, isso só me diz respeito. Não me julgue, não me enquadre, eu sou muito mais fluida que seus conceitos estanques.]
Então continuamos assim. É para lutar? Vamos em frente. Mas vou com um sorriso no rosto e com o coração leve. Junto de quem vale a pena e de quem queira estar comigo. E que seja divertido esse caminhar, mesmo permeado de percalços. Até porque, pelo que me conste, ninguém nos proibiu de voar. Feliz nascimento para mim.