domingo, 18 de abril de 2021

 Palavras na Garupa

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Eu me desdobro, me dobro, retorço minhas convicções, amasso os meus conceitos para poder seguir caminhando.Viro, desviro e me multiplico. Fraciono-me em mil, toda pedaços, eu inteira em uma realidade pulverizada.Conto minutos e horas. Dias calculados por produtividade. Amontoados de coisas deixadas de lado. Deixo-me de lado. À minha frente, metem-se as metas, intrometem-se as estatísticas.Botões, cliques, fluxos e rotinas, elementos de uma vida vista através de uma tela fria.Brinco com a minha condição. E me condiciono a aceitar que a realidade não vai muito mais além. Restrinjo meus quereres a pouco mais do que o mínimo. Uma fresta de sol. Minutos sem pensar em nada. O balançar de uma rede. Um dia sem que a cobrança me pese nos ombros. E nas feições.Tento, em vão, convencer a mim mesma de que é uma fase, que tem data para acabar, que é a última vez. Como um labirinto, busco saídas que se revelam ilusórias, e volto ao mesmíssimo ponto do início.Mas se a saída não se avizinha, que eu faça do embaraço de estradas a minha morada. Nesse enredo de fazer e desfazer, teço a teia de uma história diferente, sonhada e desejada. Cada passo descompensado e arrastado compõe a estampa dessa busca. Rabisco aqui e ali, risco caminhos já feitos, mas ignoro os sinais e sigo por eles. De novo, de novo e de novo. Os percursos já traçados se travestem de inéditos, engabelando meus sentidos, tornando confusas minhas certezas.Brincando de me perder, escapar já não importa. Desprezo a passagem escancarada. Encontro-me em meio à desorientação. E já não sei andejar em linha reta. Olho para o céu e sinto que não preciso de mais nada.