domingo, 24 de agosto de 2014

Pedalar: muito mais do que fazer o pedal girar

Quando começamos a pedalar, adentramos em um mundo totalmente novo. Conhecemos pessoas com as quais dificilmente travaríamos qualquer tipo de relação se não houvesse a bicicleta como interesse comum. Encontramos pessoas que circulam no mesmo ambiente que nós, que são amigos ou parentes de amigos ou parentes nossos, mas jamais trombamos com elas pelos corredores. Ou até já nos esbarramos, mas éramos apenas mais um na multidão.
O mais interessante é que somos homens e mulheres de todas as idades, formações, rendas, religiões, convicções políticas, orientações sexuais, objetivos de vida, mas que se unem em torno de uma motivação: a bike.
Se quisermos, em um piscar de olhos estaremos totalmente envolvidos por toda a dinâmica que envolve o ciclismo: segurança, acessibilidade, respeito, dedicação, motivação, grupo, aprendizado, mecânica, superação, companheirismo.
A cada dia, ganhamos experiência, aprendemos coisas novas, dominamos uma técnica, percebemos que precisamos nos dedicar mais em outra área, descobrimos que tipo de pedal nos agrada mais.
Mas o mais importante mesmo é que vamos fazendo amigos. São pessoas que têm muito mais em comum com você do que apenas o amor pela magrela. E mais, são pessoas com as quais você percebe que pode contar, muito além de assuntos de bicicleta. As relações se fortalecem, forma-se uma rede de apoio para o que der e vier.
Subimos na bike e ganhamos toda uma vida sobre duas rodas: cheia de aventuras, amizades e experiências que não têm preço. 

domingo, 17 de agosto de 2014

Amor adolescente

Nosso amor já não dura o tempo da vida de uma criança de não sei quantos anos. Virou um adolescente de 12 anos, afinal hoje em dia essa fase começa bem mais cedo que na nossa época.
Mas venhamos e convenhamos, depois de 12 anos, tudo o que não nos resta são revoltas sem causa, rótulos, questionamentos vazios, rebeldias superficiais e busca desenfreada por aceitação.
Ainda temos cá nossos momentos de besteirol, risadas gratuitas e infinitas por besteiras ditas na cama quando o cérebro já não funciona muito bem, pequenas surpresas cotidianas, vontades de jogar tudo para cima e dar aquela escapada no final de semana, apenas para não fazer nada em outro lugar. 
Temos nossos sonhos, nossos anseios, nossas utopias. Projetos que são cultivados de forma ingênua. Dúvidas de como lidar com certezas pretéritas que hoje mudaram de status. 
E temos o desejo e todos os seus desdobramentos. As novas faces que ele assume a cada dia. Os caminhos desconhecidos que ele desbrava quando achávamos que já sabíamos tudo um do outro. O ar de frescor que ele traz consigo quando a mesmice teima em querer se instalar.
Claro também que temos as nossas brigas. Idiotas, sérias, mas cada vez menos frequentes e menos duradouras. Somos adolescentes muito maduros para a nossa idade. Ou não.
Temos um ao outro. E não que isso baste no sentido que nada mais nos falta. Mas estamos juntos para buscar aquilo que ainda não possuímos, em todos os sentidos. Para lidar com os vazios, as incertezas e os medos. Para curtir os momentos de alegria que preenchem e dão sentido a tudo. E para fazer até da rotina aborrecente algo bom de se viver.








PS. Eu não tenho fotos digitalizadas desses 12 anos. Lembrem-se que câmera digital era algo inatingível para mim em 2002, pois eu era apenas uma estudante lenhada que fazia duas faculdades, andava de buzu e às vezes tinha de me virar nos 30 até para tirar xerox. A vida não era fácil para ninguém.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Da indignação e seus desdobramentos

Quem me conhece sabe que tenho um perfil de tolerância zero para determinadas coisas: racismo, homofobia, machismo, injustiças de um modo geral. Não gosto de humor negro, não tenho paciência com burrice e ignorância. Minha tolerância com gente retrógrada é bastante limitada. E sim, sou bastante firme até radical em meus posicionamentos
É que às vezes esse temperamento às vezes me faz reagir de forma impetuosa e impensada. Reconheço que o fato de não aceitar determinadas posturas não, eu não aceito mesmo, no máximo ignoro ou tolero, não me venham com essa de que cada um pensa como quer blá blá blá não me dá o direito de ofender pessoas mentira, às vezes dá. E em algumas situações pessoas se sentem ofendidas com meu jeito um tanto quanto curto e grosso, digamos assim mais grosso do que curto.
Então, como prova de que eu sou uma pessoa que reconhece os erros e que busca acertar e melhorar, analiso as críticas que me fazem e tento repensar minhas atitudes. E a cada dia aprendo que a postura mais inteligente de todas é ignorar as discussões que não me dizem respeito. Não falou para mim, não falou de mim e não falou comigo? Dá para ignorar? Fingir que a mensagem não chegou? Ouvido e olhos de mercador. Não posso assumir as dores do mundo.