Mãe
(Mário Quintana)
Mãe...
São três letras apenas
As
desse nome bendito:
Também
o Céu tem três letras...
E
nelas cabe o infinito.
Para
louvar nossa mãe,
Todo
o bem que se disse
Nunca
há de ser tão grande
Como
o bem que ela nos quer...
Palavra
tão pequenina,
Bem
sabem os lábios meus
Que
és do tamanho do Céu
E
apenas menor que Deus!
Hoje é dia das mães. Apesar da data ter um apelo
mercantilista que só perde para o Natal, acho massa o tanto de homenagens
sinceras que vejo aqui e ali. São tirinhas, textos, fotos, desenhos, tudo para
agradecer e dizer o quanto essas mulheres são importantes em nossas vidas. E já
que não sei desenhar, eu escrevo. Minha mãe sabe o quanto ela é importante para
mim. E ainda que ela saiba, é preciso dizer. E ainda que eu diga, as palavras
não serão suficientes. Porque ser mãe extrapola o limite da racionalidade.
Porque ser mãe é equilibrar sentimentos e pensamentos subjetivos de forma
objetiva. Porque não basta amar. Nunca bastou. É preciso ensinar, orientar,
educar. É preciso preparar: para a vida, para o mundo. É preciso proteger, mas
também é preciso soltar, dar liberdade. Não é porque é minha mãe não, mas ela
fez isso tudo muito bem.
E mesmo que depois de muitos anos a gente entenda que nesse
processo houve erros e acertos, temos a certeza de que ela fez tudo que podia
por nós. E que faria como
ainda faz de novo, e de novo.
E hoje, que ela também precisa de ajuda, cuidados e até
orientações, acabamos por perceber o quanto esse papel pode ser difícil,
trabalhoso e cansativo. E que de forma nenhuma é poético e belo todo o tempo.
Que muitas vezes a mãe teve vontade de sumir. Que até pode ter passado pela
cabeça dela não ter sido mãe. E quem pode condenar uma mulher que se vê às
voltas com filhos, marido, casa e carreira para conciliar? Não percamos de
vista que esse arremedo de equilíbrio nas relações entre homens e mulheres é coisa
recente.
Então, que os agradecimentos por essas mulheres que dedicaram
parte da vida delas a preparar os alicerces das nossas não sejam palavras
ou imagens vãs postadas no Facebook. Que os beijos e abraços sejam
verdadeiramente demonstrações de gratidão e reconhecimento. E que os presentes porque ninguém é de ferro e todo
mundo, inclusive as mães, adora ganhar sejam
simbólicos e autênticos. Porque tenho certeza que quando nossa mãe não podia
comprar aquele brinquedo caríssimo da Estrela, ela escolhia, dentre aqueles que
podia, algum que a gente fosse gostar e nem lembrasse do jogo de grife, como de
fato não lembramos, afinal estamos todos vivos e bem criados.
Então, mãe, esse post de hoje é parte do meu presente já, já chego aí levando a outra parte
e a sobremesa. É a minha forma de tentar expressar um pouquinho do que
sinto e do quanto você é, foi e continuará sendo imprescindível em minha vida.
É o meu jeito de dizer que, modéstia à parte, você fez um bom trabalho. Se hoje
eu sou quem sou, e como sou, devo muito disso a você e a papai também, mas agosto ainda
está meio longe. Se eu aprendi desde cedo a pensar, a ser crítica, a não
querer ser igual a todo mundo e a andar com minhas próprias pernas, você foi a
grande responsável por isso. Tenha certeza que, se um dia eu for mãe viu, gente não adianta ficar
perguntando quando vem o filho, tá?, usarei muito do que me foi ensinado
por você, e esta é a maior prova de que você fez o melhor que podia.
Te amo.
Para Sempre ( Carlos Drummond de
Andrade )
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.