domingo, 16 de junho de 2013

Quem não se movimenta...

Em tempos de manifestações, Copa das Confederações, violências etc, há muito para ser dito, mas, principalmente, muito para ser feito.
Há algum tempo não participo de atos desta natureza, mais precisamente desde a época de faculdade. Hoje participo apenas de alguns atos e manifestações organizados pelo sindicato, quando brigamos, contra o governo, por nosso plano de cargos e salários, em apoio a outras categorias, como a de professores,  contra agressões de advogados à categoria... Ou seja, participo mais de atividades relacionadas a meu cotidiano como servidora pública. 
Vejo com bons olhos as manifestações saírem do facebook. Claro, é muito fácil replicar muitas vezes de forma acéfala imagens de indignação sentadinho no conforto e segurança de sua casa.
Sinto orgulho das pessoas que enfrentaram a truculência da polícia para defender o direito de expressar sua indignação, seja pelo aumento da tarifa do transporte, pela falta de qualidade do serviço prestado, pelo dinheiro gasto na Copa...
Fico ainda surpresa de ter visto como o movimento se espalhou pelo Brasil e pelo mundo, de forma significativa.
Mas, fazendo o papel de advogada do diabo, sinto uma ponta de preocupação quando vejo determinados posts, tweets e comentários. Não é como se as pessoas fossem às manifestações preparadas para que aconteça um confronto. Algumas eu disse algumas, não disse a maioria, não disse muitas, não disse a maior parte delas, ok? se expressam como se esperassem esse confronto. Como se ele devesse acontecer, talvez para causar um fato político maior. Não discuto se isso é legítimo ou não. Inclusive pode até ser uma impressão errônea de minha parte. Mas convenhamos que numa multidão de sabe se lá quantas mil pessoas, um grupo pequeno pode causar um efeito manada devastador.
Eu discordo 100% da atitude da polícia, que mostrou no mínimo despreparo para lidar com essas manifestações, como se cada policial encarasse o manifestante como inimigo. No entanto, também discordo de várias atitudes de provocação aos policiais. Algo do tipo: vou pirraçar para ver até onde ele vai. Vi fotos desse tipo e não acho que esse seja o caminho. Uma coisa é reagir a uma agressão. Outra coisa é, deliberadamente, provocá-la.
Meu último ponto de questionamento diz respeito à finalidade da manifestação. Ok, vamos para as ruas, vamos gritar, vamos dizer que discordamos do valor da tarifa, do valor gasto com a Copa. E... Um movimento que não tem uma pauta propositiva consistente tende a perder força com rapidez. Ou as pessoas continuarão a ir para as ruas simplesmente para dizer que não aceitam o aumento e acham um absurdo a Copa ser no Brasil? Por quanto tempo? Realmente não sei se o Movimento Passe Livre, um dos "temas" da manifestação, possui um projeto sustentável para amparar a sua pretensão. Nunca estudei a fundo a proposta de tarifa zero e se ela é factível. 
Mas espero que a atual conjuntura sirva, pelo menos, para que as pessoas percebam que o ato de ocupar vai muito além de estar na rua gritando palavras de ordem. Ocupar significa exercer plenamente seu papel de cidadão, com direitos, mas também com deveres, os quais muitas vezes deixamos de lado ao argumento de que nossos direitos não são respeitados.
Então, vamos pra rua, sim, mas vamos também para outros lugares. Se não podemos estar fisicamente nas ruas, vamos lembrar que não há limites para nossa mente e para nossas atitudes.  


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