terça-feira, 12 de maio de 2020

Tempos áridos

São tempos áridos. Buscamos, ali e aqui, migalhas de esperança para deixar os nossos sonhos de pé.
Despedaçamos relações. Conhecemos pessoas. Desconhecemos outras. Dor. Decepção. Frustração.
Medo do obscuro. E do que já é notório. Um passado que teima em se fazer presente. Um futuro que nos espreita de soslaio.
Fingimos ignorar, mas sabemos o que nos espera. Só temos receio que as cores que tingirão esse cenário sejam ainda mais sombrias do que imaginamos.
E aí nos agarramos a pequenos fragmentos de felicidade. A vida não pode parar. Temos de seguir: firmes, fortes e de mãos dadas. Temos de ser contagiosos. Agregar. Trazer para perto aqueles que estão na mesma sintonia. Chamar quem comunga das mesmas inquietações. A partir daí, ganhar, passo a passo, o nosso território de direitos e garantias.
Não, não, não nos cansaremos. Uns aos outros, nos alimentaremos de nossos anseios, de nossa revolta. Porque a capacidade de nos indignarmos é um de nossos tesouros.
O caminho é longo. Não tem fim. A peleja será uma constante. Deixaremos para as próximas gerações o exemplo de luta, do não se acomodar, do não aceitar.
Porque merecemos mais do que migalhas. Merecemos mais do que restos de direitos, sobras de garantias. Merecemos igualdade, justiça, honestidade. O fim do preconceito, do machismo, do racismo, da homofobia. O fim do abismo social. A extirpação dos currais eleitorais e de um congresso que não representa a nossa sociedade. Respeito aos povos indígenas e quilombolas. A diversidade de crenças e de pensamento. Que nossas crianças sejam ensinadas a pensar e conviver com o diferente. Respeito aos trabalhadores e trabalhadoras e seus direitos duramente conquistados. Preservação de nossas florestas.
Não querem nos dar? Não tem problema, vamos buscar.

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