quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Fraternus

Descobri somente hoje que hoje se comemora o Dia do Irmão. Aliás, nunca tinha ouvido falar em tal data se bem que, depois que descobri o Dia do Outdoor, nada mais me surpreende.
Aí eu resolvi falar do meu irmão e da minha irmã. 
Por um bom tempo, eu fui a caçula. Nunca tive muito isso de reinar absoluta em casa, afinal, a diferença de idade entre mim e o mais velho era pouca. Mas o fato de ser mirrada, pequena, tinha lá suas vantagens e eu sempre usei isso com inteligência.
E, da relação fraternal, descobri que ter irmão é ser obrigada a amar alguém que você não escolheu amar, e ainda assim, inexplicavelmente, amar. É aprender a conviver com alguém que, mesmo criado sob os mesmos valores e princípios, pode ser bem diferente de você. É aprender a dividir, e também aprender que ser um pouco egoísta não faz mal nenhum. É brigar, bater, apanhar e agir como se nada tivesse acontecido. É dedurar para o pai e para mãe e acobertar uma travessura com a mesma naturalidade. É tomar banho de chuva a tarde toda e, mesmo assim, a mãe encontrar os dois quietos como anjos, de pijama, cúmplices na arte. É ficar de mal, deixar de falar, perdoar e pedir perdão. É ajudar incondicionalmente. É dar bronca quando necessário. É endurecer sem perder a ternura. É estar sempre a postos para estender a mão, dar colo, oferecer o ombro ou um bom corretivo.
Já ter uma irmã, no meu caso, mudou um pouco a coisa de figura. Primeiro porque eu saí do posto de caçula para ser a filha do meio, que não é nada na hierarquia filial. Junte a isso o fato de você já ser pré-adolescente quando chega à sua casa aquela lagartixa de parede que só tinha barriga e pé. Acrescente uma carga emocional fortíssima e pimba: nasce o amor. Esse amor que foi, se podemos falar assim, escolhido por nós, pela Cabala, pelos astros, pelo destino, por Deus não é simplesmente um amor de irmãs. Porque eu nunca fui somente irmã. Ou nunca fui muito irmã. Nunca fui cúmplice, nunca acobertei travessuras. Pelo contrário, era a primeira a dar bronca. Eu era a típica irmã mais velha, aquela que toma conta dos meninos mais novos. Brinco que minha irmã foi meu test-drive, pois troquei fralda, dei banho, botei de castigo, ajudei com dever, fui para reunião de escola, acordei durante a noite com seu choro, fiquei puta quando ela foi para recuperação, vibrei quando passou no vestibular. O que é isso senão ser um pouco mãe? É amor que extrapola...
Nós, irmãos. Tão opostos e tão iguais. Objetivos e convicções diversos, desejos, idem. Mas sempre há aquele fio invisível que une nossos corações. Que marca nossas origens, as raízes que nos permitiram florescer. E que estabelece quem somos e com quem somos. Seres diferentes, amores diferentes e, ainda assim, e sempre, amor. Fraterno. Maternal. Ambos. Não importa quando ou como vocês passaram a fazer parte da minha vida. Mas, sem dúvida, ela é mais colorida porque vocês existem. 

Um comentário: