quinta-feira, 6 de março de 2014

Entre conceitos e preconceitos

O que define uma pessoa? Quem é essa pessoa para mundo? Aquilo que ela é - ou pensa que é - ou o que os demais indivíduos entendem por ela? Se autodeterminar como alguém assim ou assado é suficiente para ser esse sujeito? Existe a possibilidade de ser um tipo de pessoa para si e, para os outros, mostrar-se totalmente diferente? É factível tanta disparidade entre esses dois personagens? Ou tanta dificuldade em deixar seu "eu interior" se revelar para o mundo?
E quando os estereótipos passam a definir alguém? A fazer um resumo pobre e tacanho de alguém que é cheio de riquezas e nuances? De quem é a culpa por não enxergar todos os tons e matizes entre cada adjetivo na personalidade de alguém? Daquele que insiste em se mostrar em preto e branco ou daquele que se recusa a tirar os óculos escuros?
Nessa situação, há dois perigos. O primeiro é passar a se pautar pelas constatações alheias. Fulano é lerdo, Beltrano é arrogante, Sicrano é preguiçoso. Ou seja, é vestir a fantasia e se assumir por inteiro com algo que é apenas uma fração de seu ser. Daí eu me lembrei de Gregório de Matos.
O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.

O segundo é passar a combater aquela característica que os outros usam como definição plena da pessoa, como se buscando sufocar tal faceta da personalidade, assumindo que essa é a única marca que a identifica, como se alguém pudesse ser só avarento, pavio curto, teimoso, impaciente, briguento, reclamão etc.
Ambos os caminhos parecem equivocados. Há um terceiro caminho, uma bifurcação que tangencie as duas vias? Eu não tenho respostas. Aliás, o que tenho é uma série de perguntas, afinal, estabelecer um limite entre nós e os outros é algo que exige uma precisão quase milimétrica. A chance de errar a mão são grandes. Ou seja, a busca pelo equilíbrio não tem fim. Parece que a estrada é, na verdade, uma corda bamba.

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