segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Grrrrrrr!!!!

Hoje o tema é um tanto quanto espinhoso.
Claro, não é fácil apontar o dedo para aquelas pessoas que nunca estão satisfeitas. Com nada. Simples assim.
Em que momento a reclamação habitual deixa de ser uma característica e passa a ser um problema?
Todos conhecem alguém assim, na família, no trabalho... São pessoas que já acordam mal-humoradas, reclamam do café da manhã, por ter de ir trabalhar ou ir para a aula, reclamam do trajeto para o trabalho, de ter de dirigir/pegar ônibus/andar, de ter de bater ponto, de ter colegas de trabalho mala, do chefe, do restaurante em que almoçam, de não serem reconhecidos pela sua dedicação, daquele colega incompetente que conseguiu uma promoção antes dele, daquele colega burro que só faz perguntas idiotas na aula, do professor que se acha, mas na verdade é um idiota, de pegar trânsito para voltar pra casa, de todos os motoristas barbeiros que existem no mundo, de ter de passar no mercado antes de ir para casa, do som no mercado que está alto,  da música horrível que escolheram para tocar na rádio, das filas que estão grandes, da caixa que é lerda, do vizinho que passou 3cm a vaga dele na garagem, do morador de cima que faz barulho, do morador do lado que fuma... 
Cansou? Eu também. Aliás, quem não cansa? Ficar ao lado de alguém que só reclama é um exercício de paciência e um ralo para a nossa energia. É difícil ficar imune a alguém que tem dificuldade não só em enxergar que coisas boas acontecem, como também que coisas desagradáveis não são o fim do mundo.
O interessante é que para esse tipo de gente, todos os aborrecimentos tem o mesmo valor. A pessoa vai inchar feito um baiacu do mesmo jeito seja por uma batida no carro que vai lhe custar dinheiro e transtorno, seja pela pessoa que sentou ao seu lado no ônibus falar alto ao celular. Não há dúvidas de que viver nesse estado de nervos deve ser extremamente desgastante, afinal, é preciso estar atento para a próxima reclamação, para a próxima briga. Não se pode perder nada!!
Normalmente, reclamadores habituais sentem orgulho por ser do jeito que são. Eles se sentem regozijados cada vez que incomodam alguém com sua reclamação e que alcançam seu objetivo. Não importa se este era ver um colega de trabalho punido porque saiu mais cedo sem avisar ou fazer com que a pessoa ao lado apagasse o cigarro. Por conta do orgulho, é difícil ver um reclamador habitual ceder, porque isso atinge sobremaneira um traço muito marcante de sua personalidade. Aqui, há uma mistura de frustração, tristeza e raiva por não conseguir concretizar a reclamação.
Nem precisa dizer que o reclamador muitas vezes sabe que carrega esse defeito, mas não vê motivos para mudar. Como essa característica pode ter trazido algum benefício em dado momento, ele simplesmente assume que nasceu assim, cresceu assim, é mesmo assim e vai ser sempre assim, Gabriela...
O que o reclamador não percebe é que o prejuízo, mais cedo ou mais tarde, aparece. Não se trata de uma "polianização" generalizada, mas simplesmente de saber viver em sociedade, com seus ônus e seus bônus. Viver sem ceder é impor aos outros o seu ponto de vista sempre, é estar certo de que o seu posicionamento é sempre o melhor e suas decisões são as mais acertadas. Reclamar de tudo é submeter as outras pessoas às suas vontades, sob o pretexto de que são os outros que estão fazendo isso. Não permitir ao outro que goze de suas escolhas é não dar importância àquelas pessoas que o cercam e que, em tese, são importantes em sua vida.
Ou seja, o reclamador está fadado ao isolamento, à solidão. Ainda que as pessoas continuem convivendo com ele, o fazem por necessidade. Ele deixa de ser querido e passa a ser tolerado. Deixa de ser convidado, porque nunca consegue ser agradado. Deixa de ser consultado, pois sempre vai discordar de tudo. O reclamador deixa de ter importância, pois é a forma como as pessoas conseguem se proteger dele. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário