terça-feira, 30 de abril de 2013

Penso, logo escrevo

Enquanto transformo um peito de frango em um delicioso recheio e uma sopa como que queria saber fazer uma canja como de minha vó Dalva, comecei a pensar no porquê de escrever. Tal pensamento foi motivado por uma conversa, da qual resultou um conselho para uma pessoa: escreva.
Muitas vezes, ao longo da curta história desse blog, escrevi para dividir: histórias, frustrações, ansiedades, receios. Escrevi para compartilhar. Escrevi para mostrar, mas também para esconder.
Quantas vezes escrevi para não chorar? Ou para não gritar?
Isso sem falar de quando escrevi para talvez não matar alguém. Ou para não morrer: de raiva, de dor, de tédio, de ansiedade, de preocupação.
Escrevi quando simplesmente não podia falar. Escrevi para desatar o nó na garganta. Ou desfazer o bolo no estômago. Escrevi para espalhar bom humor. Escrevi com risadas nas pontas dos dedos.
As lágrimas já se fantasiaram de palavras e saíram desfilando pela avenida. Os sorrisos também montaram nas palavras e cavalgaram por esse mundão afora.
Escrevi mandando recados. Escrevi dando indiretas. E diretas, por que não? Escrevi porque ninguém podia me ver chorar. Escrevi às vezes sem saber o que dizer. Escrevi com vergonha. Escrevi orgulhosa.
Escrevi porque tinha fome de entender, fome de saber. Escrevi quando não conseguia dormir.
Também escrevi quando não podia fazer mais nada.
Na maioria das vezes, escrever me ajudou a tomar decisões, esfriar a cabeça, pensar melhor antes de tomar alguma atitude. Ou de não tomar nenhuma. Escrever ajudou a ver besteiras que fiz ou que iria fazer. Ou a perceber o quão era ridícula a importância que estava dando a determinado assunto. Escrever me ajudou quando não sabia o que falar. Escrever me ajudou, principalmente, pelas tantas palavras de apoio, de carinho que recebi de volta. Palavras às vezes podem ser quase como abraços. Ou colo. Podem ser tapas também. Necessários.
Então hoje, entre frangos, batatas e uma taça de vinho em comemoração à véspera do Dia do Trabalhador, bebo letras e digito pensamentos ora mastigados, ora digeridos, apenas pelo prazer de escrever. Porque escrever pode ser um fim em si mesmo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário