sábado, 19 de novembro de 2011

Dando um boi para não entrar em uma briga?

Quem me conhece há algum tempo sabe de uma característica que sempre foi minha marca registrada: ser briguenta.
Sabe aquela pessoa reclamona, que não admite não ser bem tratada em um lugar, ouvir alguém falando asneira, perder uma discussão, etc etc etc? Qualquer semelhança não é mera coincidência.
Só que ser assim cansa. Eu tinha de estar sempre pronta para encarar uma batalha, fosse ela qual fosse e contra quem fosse. E isso desgasta demais. Além disso, é como se as pessoas ao seu redor também se acomodassem, porque sabem que você está lá para comprar a briga que, às vezes, é de todos. Fora as piadas, as brincadeiras com esse seu traço comportamental: as pessoas brincam que têm medo de você, ficam instigando a discussão, já falam coisas que irritam só para ver sua reação...
Eu me assustei um pouco com a repercussão desse meu jeito de ser quando vi que pessoas com as quais eu nunca tinha falado me conheciam da faculdade, porque lembravam de homéricas discussões no centro acadêmico ou no SAJU... Foi aí que eu decidi que algo precisava ser feito, só não sabia bem o que, nem como.
Claro que quando nós nos conscientizamos de algo, é mais fácil trabalhar em cima daquilo para mudar. E foi isso que eu fiz. Nem de longe eu lembro aquela pessoa passional que brigava com adversários políticos no ambiente universitário, quase transformando-os em inimigos.
Só que, em relação a determinadas situações, eu ainda não sabia como agir. Continuava achando que tinha de defender meus posicionamentos e pontos de vista com unhas e dentes, que não poderia deixar as pessoas ficarem falando besteiras, que tinha a obrigação de intervir quando alguém fazia uma piada homofóbica, racista, machista ou preconceituosa, que tinha de fazer as pessoas entenderem quando estavam com determinado problema e que precisavam de ajuda, mesmo que ela não aceitasse isso. E, assim, lá estava eu, sempre em um estado de tensão e stress, pronta para atacar e revidar quando fosse necessário.
A terapia vem me ajudando nisso. Eu precisava entender e aceitar que não se pode mudar as pessoas caso elas não queiram isso. Que muitas vezes, é melhor fazer cara de paisagem e dar um sorriso sem graça do que iniciar uma discussão. Que se pode - e deve - demarcar a opinião sobre determinados assuntos, mas não necessariamente de forma a travar uma batalha ideológica. Que quando um não quer, dois não brigam.
Assim, tenho conseguido, por exemplo, ouvir meu pai falando alguma coisa com a qual não concordo e apenas balançar a cabeça, porque sei que não sou eu quem fará ele mudar de opinião. Ou ouvir determinado coleguinha de trabalho soltando uma pedrada sem mais tamanho e ficar quieta, pois o assunto não me diz respeito, apesar de continuar achando ele um idiota. Ou apenas decidir não voltar em determinado restaurante e não pagar 10%, ao invés de ficar com raiva e estragar meu programa.
É preciso deixar claro que essa postura não significa omissão. Eu não quero nem vou me tornar uma pamonha permissiva e retardada. Também não vou deixar de ter raiva ou ficar chateada com determinadas situações. A questão é decidir quais guerras valem à pena serem lutadas, inclusive para investir nelas a energia necessária. E trabalhar para que os efeitos das situações que me deixem zangada durem somente o tempo necessário, sem serem retroalimentados por eles mesmos.
Não me iludo sobre o posicionamento das pessoas em relação a essa minha nova postura. As brincadeiras vão continuar, as piadas também. Quer saber? Não estou nem aí. O que importa é que eu sei que estou evoluindo, e que estou me sentindo melhor com isso. No mais, é só dar risada junto. O que eu não vou é brigar por causa disso.

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