segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Hoje é dia de faxina, bebê!


É, está chegando a hora.
Junto com as promessas, as resoluções, as dietas e o início da academia, a aproximação de um novo ano traz consigo o momento de fazer a famigerada faxina.
Já há alguns anos sou adepta das faxinas anuais. Em alguns anos, elas se tornam, na verdade, semestrais, a depender da existência de algum fato marcante, como aprovação em concurso público (os módulos são doados para alguém que ainda esteja estudando), graduação (cadernos e fotocópias também ganham destinação mais nobre do que o fundo da gaveta), pós-graduação (a vontade era mandar tudo para a reciclagem, mas sempre é possível fazer o conhecimento circular).
Roupas folgadas demais, apertadas demais ou usadas de menos não esquentam lugar em meu guarda-roupa: Sandrão normalmente faz a festa. Dificilmente fico esperando para ver se vou emagrecer para a roupa caber ou se vai ter jeito de apertar. 
Sapatos que estão com aquela cara de gasto: dá para pintar? Ótimo. Ah, não dá? Vai andar em outra freguesia, fofo!
Até com os livros eu sou meio desapegada. Guardo os que uso para estudo e trabalho e aqueles de literatura que considero clássicos, que me encantaram demais ou que ainda pretendo reler. Os demais? Leio e despacho, para que possam fazer a alegria de outras pessoas.
Outro dia, com aqueles bibelôs que ganhamos a vida toda de presente, fiz o seguinte teste: lembro quem me deu? A pessoa que me deu ainda é importante para mim? Não? Beijo tchau, vai enfeitar a prateleira de outro.
Até com compras eu tenho a seguinte filosofia: comprei uma roupa, alguma outra tem de sair. A mesma lógica se dá com bolsas e sapatos. A regra só não se aplica se anteriormente já tenha sido feita uma operação limpa-gavetas.
Não podemos esquecer do computador. É, ele também merece se livrar daqueles arquivos inúteis, apesar de que isso segue na contramão dos super-mega-power-turbo-top HDs, que tem capacidade para armazenar tudo que você imaginar e o que você não imaginar também. 
Eu tenho agonia de coisas acumuladas. Principalmente de coisas velhas e inúteis entulhando a casa. Não que eu seja uma desgarrada que não guarde lembranças e coisas afins. Tenho caixinha com bilhetes, dedicatórias, pequenos presentes, fotos de pessoas com as quais nem falo mais... Guardo minhas camisas do SAJU, como memórias sensoriais de uma época de muitas experiências e aprendizagem. Tenho algumas agendas, da época que ainda tinha paciência para escrever nelas. Tenho uma camisa da época de escola toda assinada por coleguinhas dos quais nem lembro mais o nome.
O que não faço é guardar tudo, como se a construção de minha memória dependesse desses objetos. Ou como se tudo pudesse um dia ser útil, necessário ou até imprescindível. Com isso, amontoam-se fios, cabos, arames, botões, papéis, etiquetas, agulhas enferrujadas, canetas com tinta seca etc etc etc
Mais do que a faxina física, o desapego é na verdade uma faxina mental. Trata-se de aprender a viver com menos do que temos, a priorizar aquilo que realmente é importante, a perceber que a nossa história não depende da existência de tantas pecinhas, a se desfazer daquilo que não nos serve mais, mas que serve muito bem ao outro...
Algumas pessoas sentem-se muito mal quando deixam para trás as representações físicas de momentos de sua vida. Eu não, fico, na verdade, aliviada, mais leve, com uma sensação de dever cumprido, de estar criando a oportunidade para que a vida siga seu rumo, trazendo novos pedacinhos para o meu caminho.
Às vezes, o mais difícil é começar. Se for muito difícil, comece por uma gaveta, uma prateleira. O que importa é reconhecer que não dá para ter um backup físico de toda a nossa história. E, acima de tudo, que esquecer de algumas coisas e deixar outras pelo caminho também faz parte do jogo.

Um comentário:

  1. Acredito que escolhemos as pessoas que estão nas nossas vidas e contigo tenho mais certeza disso, temos a mesma sintonia em muiiitas coisas, rs. A ida de Bia para SSA 5 dias mais cedo, se dá 'mais ou menos' por esse motivo. Depois de 1 ano aqui e outra mudança, vou arrumar a casa,o guarda-roupa,o que fico deixando para o 'próximo final de semana'. E avisei a Bia hoje, que amanhã começaremos a ver o que não dá mais nela para 'doar para outras criancinhas pequenas né mamãe? Eu tô grande'. E assim ensino a trabalhar o desapego e a solidariedade.

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