domingo, 10 de junho de 2012

Faxina de corpo e alma

Hoje é dia de limpar. Dia de esvaziar gavetas, jogar papéis fora e arrumar aqueles que sobreviveram ao ímpeto devastador de desapego.
Hoje é dia de fazer aquela seleção e verificar quais objetos estão sem uso há mais de um ano sem que tenham um lastro sentimental que justifique isso. 
Hoje é dia de ver quais livros merecem sair da prisão da estante e circular suas histórias para emocionar outras pessoas ou não.
Hoje é dia de mexer nas lembranças e perceber quais delas já não trazem lembrança nenhuma ou guardam lembranças que não merecem ser lembradas.
Hoje é dia de dosar o desapego. Às vezes, quando eu me dou conta, quero me desfazer de tanta coisa que depois fico com medo de me arrepender. Quase nunca me arrependo. Pelo menos por enquanto.
E, aos poucos, meus pertences vão se reduzindo. Uma estante, um gaveteiro, um maleiro com objetos que, já sendo meus, ainda não são, porque fazem parte de uma vida que eu ainda não tenho.
Pior, cada vez mais, tenho mais resistência em comprar objetos para a vida que tenho hoje, como se o gasto não valesse à pena, como se o pouco tempo será? nessa vida atual não compensasse o custo. 
Assim, é como se eu me preparasse para uma mudança, para ter o mínimo de coisas para levar. Só que eu não sei bem quando essa mudança vai acontecer, então a faxina tem de ser realizada periodicamente, que é para eu não correr o risco de acumular coisas inúteis que só vão me fazer perder tempo na hora de encaixotar tudo e, de alguma forma, deixar essa minha vida para trás.

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