quarta-feira, 6 de julho de 2011

Começo e termino com Mário Quintana...

Ah! Os relógios

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -

acaso lhes indaga que horas são...

A vida às vezes é eleita a vilã do século. Sabe aquelas expressões: "a vida está muito corrida", "a vida acaba afastando a gente de determinadas pessoas", "a vida está difícil" ou coisas desse tipo? Pois é, sem perceber, a gente joga para a "vida" a responsabilidade de nossas escolhas. Sim, porque questões como estar sem tempo, estar trabalhando muito ou ver pouco as pessoas de quem se gosta normalmente são reflexos de nossas escolhas. Equivocadas ou não, mas nossas escolhas.
O que acaba acontecendo é que sempre arrumamos desculpas perfeitas para não fazer aquele curso, não começar uma atividade física, não fazer o check up que o médico mandou há seis meses ou almoçar com aquela amiga que você não vê há tempos. A vida, sempre a vida, é a culpada de tudo.
Com isso, nós vamos empurrando a nossa vida com a barriga. Vivemos em um ritmo tão louco que acabamos no automático, repetindo movimentos dia após dia, sem ter a exata noção do que estamos fazendo. Vamos nos perdendo em nossa falta de tempo e em nossas prioridades, sem perceber muito bem que aquilo que realmente importa está ali, mendigando por nossa atenção, por segundos de nosso dia. Muitas vezes, aquilo que realmente importa somos nós mesmos, tão distantes e tão mergulhados que estamos em nossas rotinas, não nos damos a devida atenção.
É preciso parar, ouvir e sentir. É preciso desacelerar, andar em câmera lenta. É preciso apontar o dedo para a lista de prioridades e expulsar algumas delas de lá, sem dó nem piedade. É preciso ser firme no querer, para não deixar que outra coisa ocupe o lugar de um desejo. É preciso, se necessário for, acrescentar uma dose de egoísmo às nossas vidas.

A canção da vida

A vida é louca
a vida é uma sarabanda
é um corrupio...
A vida múltipla dá-se as mãos como um bando
de raparigas em flor
e está cantando
em torno a ti:
Como eu sou bela
amor!
Entra em mim, como em uma tela
de Renoir
enquanto é primavera,
enquanto o mundo
não poluir
o azul do ar!
Não vás ficar
não vás ficar
aí...
como um salso chorando
na beira do rio...
(Como a vida é bela! como a vida é louca!)

SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente ...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.


2 comentários:

  1. Interessante como as vezes "achamos" o que precisamos "achar". Obrigada!!! Estava precisando,rs...

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  2. Que bom que ajudei de alguma forma hehehe Está sumida, hein? Férias boas :)

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