domingo, 15 de julho de 2012

Eu preciso andar, um caminho só...

Eu amo minha família.
Já morei fora e sei o que é sentir falta de estar com eles, de conversar à noite sobre o dia, de trocar figurinhas sobre nada, discutir sobre a casa, sobre os cachorros... Senti muito a distância de minha mãe e perdi as contas de quantas vezes peguei a estrada para pedir ou dar colo durante o final de semana. Ainda hoje estranho quando estou sozinha em casa, já me habituei a ter minha mãe me esperando quando eu chego, mesmo que seja tarde da noite. Adoro quando ela vem conversar sobre sua mais nova empreitada, seja na área de artesanato ou culinária. Já me acostumei a meu pai mostrado alguma nova bugiganga fantástica vendida na China por 1 dólar entregando aqui ele acha coisas legais também!. E hoje acho esquisito tomar café da manhã sozinha, porque é a refeição que acabo fazendo junto com Bruna quase todos os dias ainda que de vez em quando embole o uso do banheiro.
De uns tempos para cá, no entanto, essa relação vem saturando. Sabe aquela vontade quase adolescente de fazer de seu quarto seu mundo, pois sua casa já não o é? Então. 
Todo esse sentimento tem a ver, dentre outras coisas, com prazo de validade. Vamos falar em números?
Eu tenho quase 30 anos, estou com Erico há quase 10 e estou noiva há quase 7 meses. Muitos quases, não?
Assim, eu não assisto muita televisão, mas quase sempre, quando quero ver, já tem alguém assistindo. Há coisas na cozinha que eu gostaria de fazer de forma diferente. Existem assuntos da casa com os quais eu não quero me envolver por sentir que já estou de saída. Odeio aquela postura de "venha nós e vosso reino nada". Fico angustiada com a falta de privacidade. Fico puta da vida com o fato de ter pessoas estranhas entrando em casa mesmo com outras ainda dormindo ou tomando café ainda de pijama. Ufa! Entenderam o que eu disse?
Não é nada especificamente contra nada ou contra ninguém, antes que me chamem de desalmada, que me acusem de estar renegando minha família etc etc etc.
A questão é que eu preciso formar ou consolidar a MINHA família. Eu preciso ter a minha casa. Preciso arrumar ou bagunçar a minha cozinha do MEU jeito. Preciso de um espaço privado, em que meus problemas possam ser meus. Preciso poder estar de mau humor sem que isso vire uma questão diplomática. Preciso que o almoço ou a falta de almoço de domingo não seja motivo para drama. 
Talvez este texto seja uma fruto de uma mistura de TPM com depressão de final de domingo. E provavelmente ele vai ser entendido não pelo lado de uma pessoa que anseia por seu espaço, mas pela ótica de que sou uma pessoa intolaerante, impaciente e egoísta com minha família. C'est la vie...
Resumo da ópera: eu preciso que a PDG entregue meu apartamento, nem que seja para eu dormir acampada lá dentro.

2 comentários:

  1. Olha que coincidência! Estava hoje mesmo em um aniversário e conversava com uma pessoa justamente sobre essa necessidade de ter um cantinho só pra chamar de MEU, sem nenhum conotação egoísta, etc, mas, como você disse, no sentido de conquistar o próprio espaço. Considerando que estou solteira, imagino para você a dimensão ainda maior desse sentimento em relação a isso. Tenha paciência que tudo tem seu tempo e, no final, tudo dá certo. ;)

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  2. É verdade, Gal, acho que esse sentimento, mais cedo ou mais tarde, acaba fazendo parte da vida de todo mundo.

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